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MOSTRA ADRIANO MANGIAVACCHI A BRISSAGO

 

    

... A pintura de Mangiavacchi nos diz que o presente, se não tem raízes e motivações no passado, é neutro, sem cor, sem cheiro. Nos diz que, também no plano filosófico, o presente corre o risco de cair em uma ilusão se os territórios, mesmo os mínimos, mesmo os marginais e aparentemente insignificantes da historia, não são reconhecidos e aceitos como dados gravados no DNA das pessoas e não impregnam os territórios seja físicos que interiores. Em toda a obra de Mangiavacchi percebe-se o sentido da história, do tempo, da memória. Memória mais antropológica que biográfica ou coletiva. Aquela que obriga a procurar as raízes daquilo que somos.

    

... Os instrumentos usados por Mangiavacchi para esse tipo de percurso são essencialmente dois: a matéria e a cor. Precisaria acrescentar um terceiro, a forma, mas este é tão intrínseco à sua obra a ponto de parecer instintivo e entregue a uma gestualidade ampla, aristocrática, refinada.
   

... A cor de Mangiavacchi é o instrumento que coloca em foco a sua “consciência da historia”. Com a cor ele localiza e redescobre as razões das coisas, das formas, das imagens. As quais raramente são como parecem. Frequentemente elas têm uma origem, uma história diferente daquelas que aparentam.  Mangiavacchi, então, se lança também com a cor, onde as situações ainda não são e começam a ser.
    

... Mas é principalmente com a matéria que Mangiavacchi parte de “imputs” minimalistas, magmáticos, para ir até a raiz das coisas. Mangiavacchi tem amadurecido uma sua pessoal gênese pictória, que nasce de uma costela do Expressionismo e do Informal. Declara assim uma precisa genealogia artística, um pertencer cultural e de método, no qual se reconhece, mas do qual é continuamente tentado de fugir para manter o próprio ímpeto proativo. De fato permanece sempre poderoso, cheio de argumentos sustentado por um vocabulário não somente rico, mas realmente exuberante.
    

... Mangiavacchi sabe que o superamento da forma requer  o aproximar-se de modo novo às situações. Trata-se de concentrar o máximo de significado em um mínimo de informação. Basta pouco: um objeto, um manifesto, um grafito, o que resta de um mural. Desde que não se limite a evidenciar este o aquele fato separado, mas se captem os processos da mudança. Para entender , através da pintura, que nada mais é como antes ou como sempre. E, ao mesmo tempo, desta mudança emerge a permanência. A Mangiavacchi interessa relevar o valor da novidade que não afeta, aliás, exalta o valor da continuidade. O mudar da superfície confirma o núcleo da substancia. Basta um collage para permitir o encontro entre pintura e escritura.   Basta um vestígio e, sobretudo, basta “l’inafferrabilitá del dinamismo” para dar a sensação de transformações em andamento, de mutações não concluídas, de memórias em devir.

Texto de Dalmazio Ambrosioni para apresentação

da exposição na “La Galleria Amici Dell’Arte” em 2000,

em Brissago, Suiça.

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