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FOTO-GRAFISMO



 

... Já não tínhamos nós mencionado que o fotográfico inverte seu “ato fotográfico”, sendo ele próprio parado pelo “objeto fotografado”? Sim, mas nem sempre. Adriano Mangiavacchi faz os dois: é ele que para o objeto e é por ele parado. O seu olhar se deixa seduzir pelo abstrato espalhado generosamente pela cidade (o abstrato é em geral contido, mas nos muros urbanos ele se torna um invasor oni- presente). Adriano libera-se dos laços (gráficos) com a realidade e torna a imagem uma forma apenas feita de cores e desenhos harmoniosos.  Mas nem sempre o vínculo com a realidade desaparece. Às vezes, bem presente, ativa, ela intervém no significado da imagem. O grafismo real dos traços, das letras, mescla-se com o abstrato revelando e afirmando a presença do homem, no mundo real e no imaginário. Às vezes, no momento do clic, uma silhueta inesperada atravessa a imagem. O fotógrafo hospitaleiro oferece-lhe a moradia, temporária. É o “tempo indeciso” do elemento dinâmico, um pé andando dentro da realidade, o outro já parado pela câmera. Para sempre. Dinamismo aprisionado.



 

​Texto de Stephania Bril, publicado no catálogo da exposição “Foto-grafismo”na FUNARTE em 1985.

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